Soltura de 167 animais silvestres marca mais um capítulo na luta pela preservação da biodiversidade na Caatinga
Às 3h30 da madrugada, enquanto a maioria ainda dormia, a equipe Fauna da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco iniciava mais um dia de trabalho intenso. Veterinários, biólogos, engenheiros e policiais uniam forças para um momento emocionante: a soltura de 167 animais silvestres no coração da Caatinga alagoana, no Monumento Natural do Rio São Francisco.
A jornada dos últimos sete dias foi árdua, mas recompensadora. Nos municípios de Monteirópolis, Craíbas, Igaci, Arapiraca, Junqueiro, São Sebastião e Limoeiro de Anadia, a equipe resgatou 350 animais silvestres, mantidos em cativeiros clandestinos. Entre os resgatados, estavam aves de canto, jabutis e até um preá. Muitos deles passarão por um período de recuperação no viveiro de aclimatação, ganhando musculatura e se readaptando ao voo e à vida livre, antes de retornarem à natureza.
“Cada animal resgatado e devolvido ao seu habitat é um passo na luta contra os crimes ambientais e na preservação dos nossos biomas. Os pássaros têm um papel fundamental no reflorestamento e na regeneração de áreas desmatadas”, destaca Rafael Cordeiro, médico veterinário do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e coordenador da equipe Fauna.
Dois dias antes, a equipe já havia promovido outra soltura, devolvendo 96 animais ao bioma da Mata Atlântica. Nos cânions da Caatinga, o cenário foi cuidadosamente escolhido, considerando a segurança e a sustentabilidade do habitat para os animais.
O esforço conjunto reuniu 26 profissionais de instituições como o IMA, o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), o SOS Caatinga, o Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Conscientização
Além das fiscalizações, a FPI também aposta na conscientização ambiental. Durante as operações, a entrega voluntária de animais silvestres é incentivada. “Muitas pessoas não têm noção do impacto negativo de manter animais silvestres em cativeiro. A entrega voluntária é uma forma de corrigir esse erro e contribuir para a preservação”, explica Cordeiro.
Para facilitar essas devoluções, a FPI disponibiliza postos volantes de arrecadação. Os próximos serão em praças de Feira Grande (dia 25), de Campo Grande (dia 26), Olho d’Água Grande (27) e São Brás (28), no Caminhão Boiadeiro.
Nas primeiras horas da manhã, quando o sol começou a iluminar os cânions, os animais ganharam o céu, o solo e as árvores da Caatinga. O som do bater de asas e o canto dos pássaros quebraram o silêncio, simbolizando o renascimento da natureza. Naquele momento, o esforço coletivo da equipe Fauna encontrou sua maior recompensa: a volta à natureza.
A FPI do Rio São Francisco
A FPI tem o objetivo de melhorar a qualidade ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a qualidade de vida dos seus povos. Os trabalhos acontecem de modo contínuo e permanente. Para isso, realizam-se o diagnóstico dos danos ambientais e a adoção de providências administrativas, cíveis e criminais com a indução de políticas públicas.
Como programa, a FPI é estruturada em três fases: planejamento, campo e desdobramentos. A fase de desdobramento compreende o acompanhamento e monitoramento dos diagnósticos realizados e a atuação de repercussões de medidas administrativas pelos órgãos envolvidos, cíveis e/ou criminais e pelo Ministério Público competente.
Também é na fase de desdobramentos que o poder público e a sociedade civil organizada contribuem na regularização dos empreendimentos, reparação de danos detectados e efetivação das medidas de proteção necessárias.
Participam da 14ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Estado de Alagoas (BPA/PMAL), Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Francisco (CBHSF), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL), Conselho Regional de Medicina Veterinária de Alagoas (CRMV/AL), Conselho Regional dos Técnicos Industriais da 3ª Região (CRT-3), Instituto Hori, Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Instituto Para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), Marinha do Brasil, Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE), Ministério Público Federal em Alagoas (MPF), Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais (RMCT), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (SEMUDH), Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), SOS Caatinga, Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE/AL), Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) e Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).
A FPI do Rio São Francisco em Alagoas é coordenada pelo CBHSF, MPAL, MPF e BPA/PMAL, que desenvolvem os trabalhos de inteligência, organização e divulgação das atividades e resultados para a população.
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