Em simpósio Brasil-China sobre a crise climática, FPI é case brasileiro de sucesso

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Com a participação virtual de 300 pessoas, entre promotores de justiça, procuradores, juristas, servidores representantes dos dois países, o evento – uma programação preparatória do MPF para a COP30 – foi promovido pelo Ministério Público Federal, Superior Tribunal de Justiça e a Procuradoria Popular Suprema da China e realizado numa plataforma de reuniões online.

O desastre climático não é peculiar do Brasil. O globo inteiro está preocupado e a mobilização internacional tem se intensificado. Um dos recursos naturais mais valiosos, as águas, estão em risco. Parceira comercial do Brasil, a China também tem mazelas ambientais que impactam diretamente a qualidade de vida, e, o vice-procurador-geral da Suprema Procuradoria Popular da China, Zhang Xueqiao, vê como basilar a contribuição entre os países. “A governança ambiental global depende da cooperação e troca contínua de experiências entre nações”. Diante disso, a boa relação entre os países, o interesse por um planeta mais saudável e a preservação de recursos naturais abriram espaço para a realização do Simpósio Virtual Brasil-China sobre o Papel dos Procuradores na Governança de Bacias Hidrográficas.

As bacias hidrográficas são territórios fundamentais para a vida humana. Através delas, é possível fazer o monitoramento do fluxo das águas e a gestão dos recursos hídricos. A partir desse acompanhamento, é que órgãos relacionados desenvolvem alternativas técnicas e sustentáveis para manutenção da qualidade das águas, inibindo assoreamentos e contaminações, além da atuação na preservação da vida do entorno, assegurando a via de subsistência de comunidades ribeirinhas. A degradação desses territórios é uma ameaça à fauna, flora, à vida humana. E as estimativas não são boas para o Brasil. Segundo a ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão prestes a enfrentar a escassez: a previsão é de que, em apenas 15 anos, haja uma redução de até 40% na disponibilidade hídrica. Um cenário nada favorável.

Já a China, enfrenta a poluição em uma das maiores bacias do mundo, a do Rio Yangtzé, que sofre com a poluição decorrente do trânsito marítimo. O Simpósio Brasil-China trouxe à mesa várias experiências de sucesso, que servem de base para o desenvolvimento de projetos ou aprimoramento de técnicas que funcionem dentro da particularidade de cada país. Um desses programas, apresentado pelo Brasil, foi a FPI – Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia do São Francisco, que atua na bacia do Rio São Francisco há 23 anos. Vários diagnósticos importantes para proteção da bacia, bem como a detecção de crimes ambientais nesse território, nasceram de etapas efipianas.

Através da exposição “Salvaguardando o São Francisco: a Experiência Brasileira com a Fiscalização Preventiva Integrada”, da Procuradora Regional da República Lívia Tinoco – que também é membro do Grupo de Trabalho de Bacias Hidrográficas da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República – resultados e desdobramentos da FPI foram detalhados, bem como o sucesso do como programa na bacia do São Francisco e suas comunidades tradicionais. “O evento reforça a união de esforços nacionais e internacionais para fortalecer a atuação do Ministério Público no âmbito das bacias hidrográficas. Nesse contexto, levar a experiência da FPI do São Francisco ao Ministério Público da China foi uma forma de disseminar nossas boas práticas e trocar experiências de atuação, o que nos leva ao aprimoramento das ações voltadas à proteção ambiental no âmbito das emergências climáticas”, destacou a Procuradora Regional da República Lívia Tinoco.

Para os membros da FPI, esse é mais um momento marcante na trajetória do programa. “Para nós é mais que uma honra, é um privilégio ver nosso trabalho reconhecido, sendo levado como referência de sucesso em eventos internacionais. Trabalho esse, fruto da união de vários órgãos e instituições parceiras, que se debruçam nas etapas efipianas e, ao longo do ano, atuam, em suas respectivas funções, com o intuito de disseminar as boas práticas e inibir as irregularidades. Esse simpósio é mais uma ferramenta de discussão sobre as responsabilidades no tocante à degradação dos recursos hídricos, além de ampliar a visibilidade e o alcance do programa”, encerra Luciana Khoury, Promotora de Justiça e coordenadora da FPI Bahia.

SOBRE A FPI

Criada em  2002, a FPI do São Francisco na Bahia é um programa coordenado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). 

Multidisciplinar, a iniciativa tem como objetivos: melhorar a qualidade de vidas das comunidades da bacia e dos seus recursos hídricos; combater o desmatamento, a captação irregular de água, os impactos dos agrotóxicos, a extração irregular de minérios, o comércio ilegal de animais silvestres, a pesca predatória, além de atuar no gerenciamento de resíduos sólidos. Outra frente é a da preservação do patrimônio arquitetônico, cultural e imaterial da bacia. 

Inicialmente realizada na Bahia, a FPI do São Francisco foi expandida para os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Minas Gerais. Em 2020, o programa foi premiado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) como o maior indutor de políticas públicas.

VENCEDORA DO PRÊMIO INNOVARE 2024

A Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI) foi a grande vencedora do Prêmio Innovare 2024 na categoria Ministério Público, a maior honraria concedida ao Sistema de Justiça brasileiro.

O Prêmio Innovare é uma realização do Instituto Innovare em parceria com o Ministério da Justiça, a Advocacia-Geral da União, associações jurídicas e conselhos de justiça do país, e o apoio do Grupo Globo.

A honraria, concedida todos os anos, tem o objetivo de reconhecer e disseminar práticas transformadoras que se desenvolvem no sistema de Justiça do Brasil, independentemente de alterações legislativas.

Mais do que reconhecer, o Innovare busca identificar ações concretas que signifiquem mudanças relevantes em antigas e consolidadas rotinas e que possam servir de exemplos a serem implantados em outros locais.

15 etapa FPI AL

FPI promove educação ambiental que torna alunos guardiões da natureza em São José da Tapera

A FPI do São Francisco promoveu, nesta sexta (22), um dia especial de educação ambiental na Escola Antônio Agostinho dos Anjos, em São José da Tapera. Em parceria com o projeto Sede de Aprender, IMA, BPA e SOS Caatinga, alunos do 1º ao 5º ano participaram de oficinas, palestras e atividades sobre a preservação da caatinga. A iniciativa fortaleceu o protagonismo dos jovens Guardiões da Caatinga, que agora assumem o papel de multiplicadores do conhecimento ambiental em sua comunidade.

15 etapa FPI AL

FPI do São Francisco visita possível sítio paleontológico em comunidade quilombola de Aguazinha, em Carneiros

A FPI do São Francisco visitou a comunidade quilombola de Aguazinha, em Carneiros (AL), onde moradores relataram a possível existência de um sítio paleontológico. A área foi registrada e encaminhada ao Iphan para análise. A equipe também ouviu demandas por saúde, água e educação, reforçando a importância da escuta comunitária e do fortalecimento de políticas públicas.

FPI flagra lixão em São José da Tapera e aplica multa de R$ 80 mil

A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco flagrou a existência de um lixão em São José da Tapera/AL, onde foram encontrados resíduos diversos descartados a céu aberto em área que deveria estar em recuperação ambiental. A irregularidade resultou em multa de R$ 80 mil aplicada pelo IMA/AL, além de auto de infração e ocorrência policial. A prática configura crime ambiental e descumpre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determinou a erradicação dos lixões desde 2010.

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Municípios alagoanos recebem orientações da FPI para fortalecer política ambiental local

Municípios alagoanos recebem visitas técnicas da equipe de Gestão Ambiental da FPI do São Francisco, que orienta gestores sobre criação de políticas municipais de meio ambiente, fortalecimento do licenciamento, fiscalização e implantação da educação ambiental nas escolas. A ação busca ampliar a governança ambiental local e garantir políticas públicas permanentes em defesa da natureza.

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FPI flagra laticínio e pocilga clandestinos em Major Izidoro e recolhe quase uma tonelada de alimento impróprio para consumo

Na 15ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) em Major Izidoro/AL, foram interditados um laticínio e uma pocilga clandestinos por funcionarem sem licença ambiental e em condições precárias de higiene. A operação resultou na apreensão de 990 kg de queijo impróprio para consumo, mais de 140 suínos criados irregularmente, além de embalagens falsificadas e rótulos sem registro. Seis autos de infração e dois embargos foram aplicados. A ação, conduzida por Adeal, IMA/AL, CRMV/AL e BPA, reforça o combate a atividades ilegais que colocam em risco a saúde pública e o meio ambiente.

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Guardiões do Velho Chico: combate à pesca predatória protege vida e sustento no São Francisco

Na 15ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco, a equipe Aquática intensificou o combate à pesca predatória, apreendendo dezenas de covos clandestinos e cerca de 2,5 mil metros de redes ilegais. Parte dos peixes e camarões encontrados foi devolvida ao rio, reforçando o compromisso com a preservação do ecossistema e a garantia do sustento das comunidades ribeirinhas.

Além da retirada de petrechos irregulares, a operação contou com inspeções navais da Marinha do Brasil em embarcações e estruturas de aquicultura, resultando em notificações por irregularidades. A ação conjunta do Ibama, Polícia Federal, Batalhão de Polícia Ambiental e Marinha mostra que proteger o Velho Chico é também proteger a vida e a cultura que dele dependem.

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FPI em comunidades tradicionais: relatos reforçam urgência em saúde e educação em Pão de Açúcar

A equipe de Comunidades Tradicionais e Patrimônio Cultural da FPI visitou, nesta terça (19), os quilombos Chifre de Bode e Poço do Sal, em Pão de Açúcar (AL), para ouvir demandas e verificar políticas públicas. Foram identificados problemas graves: obras da escola quilombola paradas desde 2016 e transporte escolar precário; atendimento de saúde sem estrutura adequada; abastecimento de água irregular e coleta de lixo instável. O Incra orientou sobre titulação coletiva e mulheres relataram desafios na agricultura familiar e riscos de aliciamento para trabalho escravo; a Rede Mulheres reforçou protocolos de proteção.

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