FPI do São Francisco constata maior desmatamento já registrado durante as 15 etapas da fiscalização em Alagoas

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Cerca de 800 campos de futebol: esse foi o tamanho do desmatamento, um dos crimes ambientais mais devastadores e de maior impacto para a vida no planeta, constatado, nesta terça-feira (19), durante a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco. O flagrante ocorreu numa propriedade situada entre os municípios de Traipu e Batalha. A gravidade da ocorrência levou à lavratura do 23º auto de infração contra o dono da mesma área rural, que já acumula mais de R$ 14 milhões em muitas.

Durante os trabalhos, a FPI comprovou que este foi o maior desmatamento já identificado no estado enquanto a Fiscalização estava em ação, inclusive, uma nova área havia sido devastada há poucos dias, com sinais evidentes da prática do crime. “Este grande desmatamento soma mais de 800 hectares e o dono da propriedade já foi alvo de 22 autos de infração e tantos outros termos de embargo. Então, nós estamos diante de um grande infrator ambiental, que será autuado pela 23ª vez. Diante das provas, vamos adotar outras providências investigatórias e sancionatórias mais efetivas com relação a isso para, finalmente, conseguirmos parar com esse desmatamento que está acontecendo aqui na região”, declarou o procurador da República Érico Gomes, coordenador da FPI Alagoas.

“E é importante esclarecer que existem duas esferas de atuação: uma é a administrativa, feita pelo Ibama, com a aplicação de multa e com a lavratura do termos de embargo. A outra é o trabalho feito no âmbito civil e criminal, com o ajuizamento de ações pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual, onde poderemos requerer o bloqueio de bens e outros tipos de medidas cautelares necessárias para recompor o dano causado, como, por exemplo, um plano de recuperação da área degradada”, acrescentou Érico Gomes.

“O impacto do desmatamento vai muito além da área devastada. Ele ameaça a biodiversidade, compromete o equilíbrio climático, agrava a escassez de água e atinge comunidades que dependem diretamente da natureza para sobreviver. Por isso, combater esse tipo de crime ambiental deve ser uma prioridade não apenas da FPI, mas de cada cidadão e cidadã”, defendeu Felipe Tenório, analista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e coordenador da equipe Flora.

COP-30 reforça combate ao desmatamento

Esse enfrentamento estará no centro das discussões da COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada agora em 2025, em Belém. Entre os principais objetivos do encontro, que reunirá representantes do mundo inteiro, está justamente a redução drástica do desmatamento, apontado como um dos maiores responsáveis pela aceleração do aquecimento global. “Com o combate ao desmatamento ilegal, a FPI está cumprindo um dos principais objetivos da COP-30, que está ligado ao desenvolvimento sustentável que, por sua vez, tem relação com a diminuição na emissão de gás carbônico e de outras emissões que são prejudiciais para o efeito estufa e para as mudanças climáticas”, alertou o procurador da República.

Em Alagoas, a descoberta feita pela FPI reforça a urgência de medidas firmes. Segundo os órgãos envolvidos, a destruição ambiental não pode ser vista como um problema distante, uma vez que cada hectare derrubado representa uma perda irreparável para as próximas gerações.

Perícia investiga uso de herbicida em área desmatada

Ainda no momento do flagrante, o Instituto de Criminalística também entrou em campo para reforçar as investigações. Peritos criminais realizaram coleta de impressões digitais nas tampas dos recipientes encontrados no local com o objetivo de identificar possíveis responsáveis pela degradação. Ao todo, foram recolhidas 15 embalagens de herbicidas, produto utilizado para provocar desmatamento químico.

Além disso, amostra do líquido armazenado em um desses recipientes foi recolhida e será encaminhada para análise laboratorial. A perícia buscará confirmar se o material corresponde, de fato, a herbicida, possivelmente utilizados para acelerar o processo de destruição da vegetação nativa.

O descarte irregular desses produtos químicos, jogados a céu aberto no meio da mata, agrava ainda mais o impacto ambiental, podendo contaminar o solo e ameaçar a fauna local. O resultado dos exames será fundamental para subsidiar as medidas legais e criminais contra os envolvidos no maior desmatamento já registrado numa etapa da FPI em Alagoas.

A equipe Fauna é composta pelo Ibama, pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA). Em especial, na fiscalização desse dia 19, o grupo contou com a participação da Perícia Oficial.

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